Senhor Director
A Beira celebra 111 anos desde a sua elevação à categoria da cidade. Foi a 20 de Agosto de 1907. É uma cidade idosa, se comparada aos anos do ser humano aqui em África e também no velho continente. Mas se comparados às outras cidades do mundo, Beira ainda é uma cidade adolescente. A Beira é uma cidade particular, pela sua localização costeira, a sua estrutura arquitectónica apreciável, os mariscos, o sol, a lua, as estrelas da noite escura, o sorriso de gente desde Inhamizua à Inhamudima, do Chaimite à Njalane. Quanta beleza! Beleza física e íntima. Beira, que alguns chamam de campo da democracia, e outros de fonte de conflitos. Mas a Beira é sempre Moçambique, sempre África. Beira dos beirenses e não só.
Hoje com 111 anos, com sua alternância política, seus avanços e recuos pacificadores, seu mar, suas cores, seu mangal.
Mas a Beira para ser mais linda, mais respeitada, mais conservadora e mais atraente, deve aprender a viver cada vez mais na diversidade, não apenas a diversidade política partidária, ou apenas a diversidade de mariscos do seu lindo mar. A Beira precisa fazer coexistir diversas gerações. Os jovens devem viver juntos com idosos. Não se pode perspectivar um futuro melhor para a Beira se os idosos forem violentados, desprezados, isolados e até mortos por razões infundadas.
A violência contra idosos não faz de uma cidade civilizada, simplesmente torna-à desumana. O último caso publicado pelo jornal Diário de Moçambique dando conta à um jovem de 27 anos que matou sua avó Chanaze de 81, coloca a nossa cidade mais violenta e cruel. Devemos todos reflectir nisso. Todos almejamos viver mais e melhor. A violência, o linchamento e tudo que atenta a dignidade da vida humana deve constituir uma preocupação da cidade inteira. A defesa da vida humana, a paz e a tranquilidade entre povos e gerações diversas devem ser prioridade na governação das nossas cidades. Almejamos que a solidariedade reine nas nossas cidades e em particular na cidade da Beira. Que cada um de nós tenha garantia social de que se um dia ser idoso será amado, cuidado, ajudado e respeitado. O repúdio a violência dever ser reiterado em palavras e discursos mas sobretudo consolidado em acções concretas de sensibilização comunitária e educação pela paz e convivência social.
[ Nelson Moda (Sant'Egidio) ]