Mc. 6, 7 -13
Irmãs e irmãos,
Somos muitos,esta noite, nesta basílica, para pedir ao Senhor que acolha o nosso querido irmão e amigo Giovanni no seu reino de paz. Abraçamo-nos como uma família, na memória deste amigo e irmão, companheiro de tantos anos e, para alguns de nós, irmão mais velho, que amámos e por quem fomos amados.
Sentimos a dor da separação dilacerante e a ferida de já não o ter connosco. É por isso que sentimos a necessidade de estar juntos esta noite, como fizemos durante muitos anos, caminhando juntos, dia após dia, com o Giovanni. A provação da doença foi forte, e não apenas hoje, para ele, tal como outros sofrimentos, mas na provação ele sempre encontrou força na sua fé no Senhor, no seu amor pelas Escrituras, na oração e na amizade e apoio dos seus irmãos e irmãs.
Caminhar juntos, essa foi a sua força desde muito jovem no seu encontro com a Comunidade. Nunca se separou da amizade e, sobretudo, nos momentos de provação, nunca escondeu a necessidade de ser amado e acompanhado.
Ouvimos o Evangelho de Marcos, sobre a missão que Jesus confia aos doze. Jesus decide, num determinado momento, associar os doze apóstolos à sua missão. Porquê? Porque o faz depois de ter sido rejeitado pela sua família e pelos seus concidadãos de Nazaré. Um profeta não é desprezado senão na sua pátria, entre os seus parentes, em casa, tinha ele dito, enquanto em Nazaré era considerado motivo de escândalo.
É precisamente então que Jesus chama os discípulos e os envia em missão, dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. O evangelista Marcos já tinha falado da escolha dos doze por Jesus com estas palavras: Constituiu doze, a quem chamou apóstolos, para estarem com ele e para os enviar a pregar, com poder de expulsar demónios. E tinha-lhes indicado os nomes, tinha-lhes predito que se tornariam pescadores de homens, e agora os discípulos já não eram meros espectadores da missão de Jesus, mas cumpriam-na diretamente.
Mas, para a missão, Jesus dá-lhes uma orientação muito importante, a de irem de dois em dois. Porquê? Para se apoiarem mutuamente nesse novo empreendimento missionário, cheio de surpresas, e para receberem e oferecerem ajuda ao companheiro de viagem, dia após dia. E também para que se manifestasse o carácter, não só individual, mas comunitário, daquela missão, da mensagem de que eram portadores.
Porque, irmãs e irmãos, a missão faz-se juntos. É uma obra comum, não é o resultado do protagonismo de um homem ou de outro. Nesta missão, o Senhor também nos associou um dia. Ele não esperou que estivéssemos prontos ou preparados, pediu-nos para ir, mas especificou uma coisa: ir dois a dois. E deu-nos a força do seu amor e da sua Palavra para vencer os muitos espíritos imundos que se podem encontrar ao longo das estradas do mundo.
Entre os nomes dos discípulos de Jesus está também o de Giovanni Ferratini, que desde muito jovem foi chamado por Jesus a estar com ele e a anunciar o seu Evangelho nos múltiplos modos e formas que se manifestam no encontro com as pessoas. Giovanni soube interpretar plenamente esta missão, sem nunca se considerar protagonista e sem nunca se separar do irmão e da irmã que o Senhor colocava ao seu lado de vez em vez, partilhando as alegrias e os sofrimentos da missão e também da vida, e não desistindo de pregar o Evangelho com a sua vida de homem bom, cuidadoso e amigo.
Ao longo da sua vida, Giovanni e a Comunidade encontraram muitas pessoas, sobretudo das periferias, e, de uma forma ou de outra, ele teve a inteligência espiritual de as aproximar da Comunidade e do Senhor, com o seu modo afável e cortês, e sempre disponível. Giovanni foi um grande amigo, mas também um homem justo. Sim, um homem justo.
Compreendeu bem para que é que o Senhor o tinha chamado desde a sua juventude, para estar com ele. Sim, para estar com ele a tempo inteiro, para viver com ele, para andar atrás dele. E Giovanni continua a missão de Jesus no mundo, estando com Jesus todos os dias. E, a partir de hoje, está com ele para a vida eterna.
