Leitura da Palavra de Deus
Aleluia aleluia, aleluia
Eis o Evangelho dos pobres, a libertação dos prisioneiros,
a vista dos cegos, a libertação dos oprimidos
Aleluia aleluia, aleluia
Ben Sira 1, 1-10
Toda a sabedoria vem do Senhor e permanece junto dele para sempre. A areia dos mares, as gotas da chuva,
os dias da eternidade, quem os poderá contar?
Aleluia aleluia, aleluia
O Filho do Homem veio para servir
quem quiser ser grande, faça-se servo de todos
Aleluia aleluia, aleluia
O livro é escrito por Ben Sirá (daqui "Sirácide"), e é, provavelmente, o último escrito do Antigo Testamento. O autor é um doutor da Lei sábio, concentrado a ler as Escrituras com inteligência sapiencial para a restituir ao povo e iluminar a vida de todos os dias. Ele pede ao crente para se aplicar na meditação da Palavra de Deus para poder compreender o sentido do tempo em que vive. A sua convicção de fundo é que Deus está na origem da sabedoria. Escreve: "Fonte da sabedoria é a palavra de Deus nos céus, os seus caminhos são os mandamentos eternos". Nisto concorda plenamente com o salmista que canta a Palavra de Deus luz "para os nossos passos" (Sal 119, 105). O autor pretende ajudar o crente a entrever através das Sagradas Escrituras a sabedoria que habita em Deus, para a poder acolher e viver consequentemente. Na realidade, a sabedoria pertence, essencialmente, ao Senhor: "Só um é sábio e sumamente terrível quando Se senta no seu trono" (v. 6). Mas o Senhor não é ciumento. Pelo contrário, doa-a generosamente àqueles que O amam: "O próprio Senhor criou a sabedoria, a conheceu, a enumerou e a derramou sobre todas as suas obras, Ele repartiu-a entre os seres vivos, conforme a sua generosidade e concedeu-a a todos aqueles que O amam" (9-10). Segundo o autor só quem se entrega a Deus é que pode viver com sabedoria. O homem é finito e limitado: não pode contar a areia do mar, nem as gotas da chuva e, nem sequer os dias e os séculos. Os crentes têm a responsabilidade não só de acolher a dádiva da sabedoria como também a de a exercer para ajudar todos a compreender o sentido da história e do mundo com o olhar e o pensamento de Deus. A sabedoria que o crente acolhe leva-o a continuar a procurar e a questionar. Neste período de globalização e de arriscadas simplificações, regressa de actualidade a admoestação do Concílio Vaticano II que na Gaudium et Spes (GS 15), escrevia: "Mais do que os séculos passados, o nosso tempo precisa de uma tal sabedoria, para que se humanizem as novas descobertas dos homens. Está ameaçado, com efeito, o destino do mundo, se não surgirem homens cheios de sabedoria".