Precisamente neste ano de 2017 se celebra o cinquentenário da Carta Encíclica Populorum progressio de Paulo VI. Ela, desenvolvendo a visão cristã da pessoa, realçou a noção de desenvolvimento humano integral e propô-la como novo nome da paz. Neste memorável e atualíssimo Documento o Papa ofereceu a fórmula sintética e feliz segundo a qual «o desenvolvimento não se reduz a um simples crescimento económico. Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer, promover todos os homens e o homem todo» (n. 14).
Por conseguinte, é preciso antes de tudo rejeitar a cultura do descarte e cuidar das pessoas e dos povos que sofrem as desigualdades mais dolorosas, através de uma obra que saiba privilegiar com paciência os processos solidários em relação ao egoísmo dos interesses contingentes. Trata-se ao mesmo tempo de integrar as dimensões individual e social através da aplicação do princípio de subsidiariedade, favorecendo a contribuição de todos como indivíduos e como grupos. Por fim, é necessário promover o humano na sua unidade inseparável de alma e corpo, de contemplação e ação.
Eis portanto como um progresso efetivo e inclusivo pode tornar praticável a utopia de um mundo desprovido de instrumentos de ofensa mortíferos, não obstante a crítica de quantos consideram idealistas os processos de desmantelamento dos arsenais. Permanece sempre válido o magistério de João XXIII, que indicou com clareza o objetivo de um desarmamento integral afirmando: «nem a renúncia à competição militar, nem a redução dos armamentos, nem a sua completa eliminação, que seria o principal, de modo nenhum se pode levar a efeito... se não se proceder a um desarmamento integral, que atinja o próprio espírito, isto é, se não trabalharem todos em concórdia e sinceridade, para afastar o medo e a psicose de uma possível guerra» (Carta enc. Pacem in terris, 11 de abril de 1963, 113).
Tirado do discurso do Papa Francisco no congresso "PERSPECTIVAS POR UM MUNDO LIVRE DAS ARMAS NUCLEARES E PELO DESARMAMENTO INTEGRAL" aos 10/11/2017 (texto integral>>)