Memória de Santa Clara de Assis (+1253), discípula de São Francisco no caminho da pobreza e da simplicidade evangélica. Leia mais
Memória de Santa Clara de Assis (+1253), discípula de São Francisco no caminho da pobreza e da simplicidade evangélica.
Leitura da Palavra de Deus
Aleluia aleluia, aleluia
Eu sou o Bom Pastor,
minha voz as ovelhas escutam,
E serão um só rebanho e um só Pastor.
Aleluia aleluia, aleluia
Ezequiel 12,1-12
Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: «Filho de homem, tu moras no meio desta raça de gente rebelde que tem olhos para ver e não vê, ouvidos para ouvir e não ouve; porque são gente rebelde. Tu, filho de homem, prepara a tua bagagem de emigrante e sai de dia, à vista deles. Sai do lugar onde te encontras, para outro lugar à vista deles. Talvez eles vejam; porque são gente rebelde. Prepararás as tuas coisas como bagagem de exilado, de dia, à vista deles; e sairás à tarde, à vista deles, como saem os exilados. Faz um buraco na parede, à vista deles, e sai através dele. À vista deles, põe a bagagem aos ombros e sai na obscuridade. Cobre o rosto para não poderes ver o país, porque Eu faço de ti um símbolo para a casa de Israel.» Procedi conforme me foi ordenado; preparei as minhas coisas como bagagem de exilado e, à tarde, fiz um buraco na parede com a mão. Saí na obscuridade e carreguei a bagagem, à vista deles. Foi-me dirigida a palavra do Senhor, de manhã, nestes termos: «Filho de homem, não te perguntou a casa de Israel, a gente rebelde: ‘Que fazes?' Responde-lhes: Assim fala o Senhor Deus: ‘Este oráculo de ameaça é dirigido ao chefe de Jerusalém e a toda a casa de Israel que nela habita.' Diz: ‘Eu sou para vós um sinal. Como eu fiz, assim vos será feito.' Eles irão para o exílio, para o cativeiro. O príncipe que se encontra no meio deles carregará a bagagem ao ombro, na obscuridade, e sairá pelo muro, no qual será feito um buraco. Ele cobrirá o rosto para não ser visto por ninguém nem poder contemplar o país.
Aleluia aleluia, aleluia
Eu vos dou um mandamento novo:
amai-vos uns aos outros!
Aleluia aleluia, aleluia
O livro de Ezequiel está constelado de acções simbólicas, gestos que Deus pede que o profeta realize para que sejam sinal para o Seu povo, de modo que possa entender o tempo que está a viver, os eventos, a história. Por bem sete vezes o Senhor pede ao profeta para fazer o que lhe é dito "à vista" do povo. Todos devem ver, para entenderem. A Palavra de Deus deve tornar-Se visão, deve induzir-nos a desviar o olhar de nós mesmos para enxergarmos mais além daquilo que cada um sabe ver sozinho: "Criatura humana, estás a morar numa casa de rebeldes. Eles têm olhos para ver, mas não vêem; têm ouvidos para ouvir, mas não ouvem; são de facto uma casa de rebeldes". A "rebelião" contra Deus, a recusa do Seu amor, são a consequência da recusa de ver e de escutar. Os ouvidos deles deixaram de escutar a Palavra de Deus e o coração deles endureceu ao ponto de já não compreender o que está a acontecer. Deste modo, o profeta mostra o que está para acontecer: fará uma bagagem de exilado e sairá da cidade, de modo que todos o possam ver. Através do profeta, o Senhor deseja ajudar o Seu povo a sair da incapacidade de enxergar para além do presente, a olhar para o futuro. É a força da Palavra de Deus que Se torna visão e sinal, para nos indicar o curso da história: a iminente queda de Jerusalém e a deportação do rei Sedecias e do povo para Babilónia. Muitas vezes, nas páginas bíblicas evidencia-se que o povo do Senhor tem olhos e ouvidos mas nem vê as obras do Senhor, nem escuta a Sua Palavra. Por isso, pede a Ezequiel - por sete vezes, ou seja, incessantemente - para recolher rapidamente todas as suas coisas, para as deixar fora de casa como se se estivesse a preparar para viajar e para abrir uma passagem na parede para sair de casa. Esta imagem questiona o mundo em que vivemos, perante as guerras, as cidades destruídas e a terra devastada, a quantos como Ezequiel são obrigados a fazer a bagagem do exilado para salvar a própria vida.
